Lembram-se quando na escola aparecia de vez em quando um teste surpresa? Se forem como eu então nunca estavam preparados porque estavam à espera de estudar tudo na véspera dos exames. Os professores sabiam disso e acho que faziam de propósito porque não há nada como fazermos surpresas e a outra pessoa estar com uma cara mesmo surpreendida: "Surpresa! O hambúrguer que acabaste de comer está envenenado!", "Não posso! A sério? Epa... é que eu não estava mesmo nada à espera. Envenenado? Caneco! Agora deixaste-me mesmo surpreendido!".
Os últimos acontecimentos na minha vida fizeram-me perceber algo: alem de termos de aceitar que pouca coisa (ou nada) está realmente sob o nosso controlo, mesmo assim quase tudo na nossa vida é acerca de tomar decisões. Isto faz-me pensar que a vida não passa de um teste surpresa de respostas múltiplas em que a pessoa que vai corrigir está-se lixando para a resposta certa.
O mais engraçado é que por vezes as decisões que tomamos nem vão propriamente de encontro ao que é claramente melhor para nós porque, por alguma razão, tentamos saciar coisas que achamos que nos vão fazer mais felizes em vez de fazermos coisas que nos vão fazer felizes. Isto porque acreditamos realmente que as nossas decisões controlam tudo o que nos rodeia.
Podemos estar a sofrer imenso a tentar obter algo que achamos que nos vai fazer felizes mas que é inalcançável e, no processo de não acreditar que não temos controlo sobre isso, esquecemos que se calhar seremos felizes muito mais rápido se avançarmos e partirmos para outra. É que por incrível que pareça, nestas situações de amores perdidos, ficarmos agarrados ao passado e a sofrer ou avançar e ser feliz é mesmo uma decisão nossa.
Será que no final da vida vamos ver a nossa pontuação? Estou bastante curioso para saber a minha.
Wednesday, March 31, 2010
Monday, March 29, 2010
Uma luz acesa
Pego-lhe na face com ambas as mãos
e um olhar atravessa a minha face
como uma espada com uma lâmina forjada de indiferença...
Nos olhos dela um barco à deriva numa tempestade
e nos meus um farol que não sabe em que direcção apontar.
Um sentimento de impotência que nos rasga ao meio
que espalha as nossas entranhas pelo chão e as pisa...
Já não está lá... já não se lembra...
E grito "Sou eu! Não te lembras? Sou eu!"
Deixarei uma luz acesa?
E por quanto tempo?
Não sei se vou comprar mais pilhas...
preciso delas para o meu respirador artificial...
e um olhar atravessa a minha face
como uma espada com uma lâmina forjada de indiferença...
Nos olhos dela um barco à deriva numa tempestade
e nos meus um farol que não sabe em que direcção apontar.
Um sentimento de impotência que nos rasga ao meio
que espalha as nossas entranhas pelo chão e as pisa...
Já não está lá... já não se lembra...
E grito "Sou eu! Não te lembras? Sou eu!"
Deixarei uma luz acesa?
E por quanto tempo?
Não sei se vou comprar mais pilhas...
preciso delas para o meu respirador artificial...
Friday, March 26, 2010
É triste
Andamos por cá
E acorrentamo-nos uns aos outros
Moldamo-nos uns aos outros
para não sermos solitários na nossa loucura
Tornamo-nos feios
Não há prisão maior que a que construímos no nosso interior
São-nos dados os tijolos, mas cimentamos um atrás do outro
Podemos ser muito novos, podemos ser muito ingénuos
Mas mais tarde ou mais cedo confrontamos
a muralha de estupidez que nos circunda
Uma bela muralha de idiotice que só é verdadeiramente apreciada
por outro idiota como nós
E há tantos!!!
Até que alguém olha para nós e grita
"O Rei vai nu!"
E aprendemos que afinal o inimigo está dentro da muralha
Queremos fugir
Mas o cimento é duro, os tijolos sólidos
Batemos com os punhos até sangrarem e fingimos que é o néctar dos deuses
Às vezes acreditamos que vamos conseguir
Outras vezes achamos que nunca vai acontecer
E confrontamo-nos com o verdadeiro inimigo
Os nossos medos
E o triste? A tristeza que está enterrada por debaixo dos tijolos
É triste quando a própria tristeza é ultrapassada
É triste quando a loucura nos tira a possibilidade de estarmos verdadeiramente tristes
É triste...
E acorrentamo-nos uns aos outros
Moldamo-nos uns aos outros
para não sermos solitários na nossa loucura
Tornamo-nos feios
Não há prisão maior que a que construímos no nosso interior
São-nos dados os tijolos, mas cimentamos um atrás do outro
Podemos ser muito novos, podemos ser muito ingénuos
Mas mais tarde ou mais cedo confrontamos
a muralha de estupidez que nos circunda
Uma bela muralha de idiotice que só é verdadeiramente apreciada
por outro idiota como nós
E há tantos!!!
Até que alguém olha para nós e grita
"O Rei vai nu!"
E aprendemos que afinal o inimigo está dentro da muralha
Queremos fugir
Mas o cimento é duro, os tijolos sólidos
Batemos com os punhos até sangrarem e fingimos que é o néctar dos deuses
Às vezes acreditamos que vamos conseguir
Outras vezes achamos que nunca vai acontecer
E confrontamo-nos com o verdadeiro inimigo
Os nossos medos
E o triste? A tristeza que está enterrada por debaixo dos tijolos
É triste quando a própria tristeza é ultrapassada
É triste quando a loucura nos tira a possibilidade de estarmos verdadeiramente tristes
É triste...
Tuesday, March 23, 2010
O que tenho feito
Na penumbra sou surpreendido por uma borboleta
O chão desintegra-se e perco a firmeza gelatinosa da minha postura
Confronto-me com o meu pior inimigo, um espelho
No espelho vejo um louco que me substitui
Os meus gritos morrem no limiar da sanidade
Debato-me para ser engolido pelas areias movediças
E a dor... a tremenda dor... sabe o meu nome
E então lembro-me dela
Neste labirinto já andei, tropecei e desisti
E apenas uma coisa aprendi
Desistir é morrer e andar aprender
Pode não ter fim... pode ser que seja tudo acerca da viagem...
Mas uma coisa é certa:
As areias do tempo esvaem-se por entre os meus dedos
Já é tempo de cerrar os meus punhos
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